Jovem acreana lidera pesquisa inédita com vespas no controle de pragas da mandioca

Ela lidera uma pesquisa inédita sobre a diversidade dessas vespas no interior do Amazonas e sua relação com pragas da mandioca

A floresta amazônica pode ser berço de uma solução natural e promissora para o controle de pragas da mandioca: as vespas parasitoides. Essa é a aposta da pesquisadora acreana Gabriela do Nascimento Herrera, de 26 anos, doutoranda em Ecologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Hymenoptera Parasitoides (INCT-Hympar). 

A pesquisadora acreana realizou parte dos estudos em um terreno de seu avô/Foto: Cedida

Ela lidera uma pesquisa inédita sobre a diversidade dessas vespas no interior do Amazonas e sua relação com pragas da mandioca.

O estudo busca identificar quais espécies de vespas parasitoides, principalmente da superfamília Ichneumonoidea, estão naturalmente associadas às lagartas que atacam a mandioca. 

“Essas vespas têm um comportamento natural de parasitar larvas e pupas de outros insetos, levando-os à morte e promovendo um controle biológico espontâneo e sustentável”, explica Gabriela. Ao contrário de inseticidas, elas atuam de forma precisa, sem causar desequilíbrios ambientais.

As vespas são muito pequenas, mas ajudam no combate as pragas que afetam o plantio de mandioca/Foto: Cedida

A pesquisa, que conta com coleta de insetos em diferentes alturas da floresta e em lavouras predominantemente de mandioca, é pioneira na utilização de armadilhas suspensas no grupo de pesquisa do INCT-Hympar. “Muitas dessas espécies vivem nas copas das árvores, e é ali que estamos tentando capturá-las. Adaptamos armadilhas Malaise para esse novo desafio”, comenta.

Gabriela, que é Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal do Acre (UFAC), com mestrado em Produção Vegetal pela mesma instituição, conta que a motivação surgiu ainda na graduação, quando se encantou pela entomologia. 

As vespas ajudam no combate às pragas que afetam a mandioca/Foto: Cedida

Durante o mestrado, ela teve a oportunidade de treinar no Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) com a pesquisadora Dra. Angélica Maria Penteado-Dias, o que abriu caminhos para o atual projeto de doutorado.

A escolha da mandioca como foco também tem motivos afetivos e científicos. “A mandioca é histórica e culturalmente importante para a Amazônia, mas ainda não há nenhum controle biológico registrado com vespas parasitoides nessa cultura”, destaca. 

A pesquisa também dialoga diretamente com agricultores da região. “Os produtores se mostraram muito abertos à ideia e curiosos sobre os benefícios”.

Ainda não se sabe o quão viável seria o uso em larga escala das vespas parasitoides em plantações comerciais de mandioca, mas a expectativa é que a pesquisa gere dados inéditos que apontem caminhos nesse sentido. 

As armadilhas são colocadas em diferentes alturas dentro da floresta/Foto: Cedida

“Só o fato de conhecermos a diversidade local e suas interações ecológicas já é um grande o. Muitas espécies estão sendo extintas antes mesmo de serem descritas, e queremos mudar isso”, afirma.

Os próximos os incluem a identificação molecular das espécies encontradas, a publicação dos resultados e o fortalecimento da base científica para estratégias de controle biológico adaptadas à realidade amazônica. Gabriela também planeja seguir na pesquisa em um futuro pós-doutorado.

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