Uma senhora de 69 anos e a filha dela, de 32 — ambas com retardo mental leve — foram tiradas da casa onde residiam com Izildo Rodrigo Soares de Moura, 74, na área rural de Guararema, interior de São Paulo.
O trabalhador rural é marido da mulher e pai da moça, que seria vítima de estupros, conforme relatado por pessoas próximas da família à Polícia Civil. As denúncias sobre os crimes sexuais, feitas informalmente pelas testemunhas, constam em um registro oficial feito em março deste ano.
Para tirar as vítimas das mãos de Izildo a promotora de Justiça Anna Paula Grossi acatou a um pedido de profissionais da equipe de Assistência Social, da Prefeitura de Guararema, que em fevereiro procuraram o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Foi relatado à Promotoria, em Guararema, que o caso envolvendo esse núcleo familiar, no qual as mulheres são vítimas de violência física e psicológica, perdura há anos. Pelo fato de ambas terem deficiência intelectual leve, a filha inclusive com esquizofrenia, elas mantinham com Izildo, segundo relatado pela promotora, “uma relação de intensa subordinação”.
“A Assistência [Social] narrou indícios de diversas formas de violação de direitos humanos, inclusive crime sexual, mas toda vez que tentaram intervir, por anos, o senhor impedia a equipe de adentrar no imóvel, impedia que frequentassem a rede pública de saúde ou qualquer outra coisa”.
“Idade da pedra” 4t262e
Mãe e filha eram mantidas em casa sem qualquer higiene, estando há meses sem tomar banho e com as mesmas roupas. Em seus cabelos, quando foram resgatadas, foram encontrados até animais mortas.
“A situação aparentava que viviam ‘na idade da pedra’, pois sequer se higienizavam e ele [Izildo] entendia isso como normal”.
Com uma liminar expedida pelo MPSP mãe e filha conseguirem vagas em uma residência inclusiva. Antes disso, foram levadas para um hospital, onde tomaram banho e receberam os primeiros socorros.
Izildo segue em liberdade e é investigado pelos crimes de maus tratos e estupro de vulnerável. A defesa dele não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Reprodução//TJSP