O projeto de mapeamento anual da cobertura do solo no Brasil, que utiliza tecnologia de alta qualidade e baixo custo para produzir séries anuais de mapas desde 1985 até o presente como iniciativa do Observatório do Clima, organização formada por uma rede colaborativa que inclui ONGs, universidades e empresas de tecnologia, com o objetivo de monitorar as mudanças no uso da terra e promover a transparência dos dados sobre recursos naturais, o Mapbiomas vem fazendo, no início desta semana, um alerta devastador.

Amazônia está no limite do não retorno em relação a sua vegetação, alerta organização que monitora o clima. Foto: Reprodução
De acordo com a organização, se continuar a destruição, a floresta amazônica está próxima de uma condição de não retorno – ou seja, as áreas devastadas correm o risco de jamais se regenerarem.
O alerta vem sendo feito pelo coordenador do Mapbiomas, Tasso Azevedo Segundo ele, nos últimos 40 anos, a Amazônia queimou, em média, 7,2 milhões de hectares por ano e que, em 2024, registrou uma mudança drástica no perfil dos focos de calor.
“Mais de 17 milhões de hectares queimados — e 44% dessa área era floresta, sendo o maior percentual de fogo sobre floresta já registrado desde o início da série histórica”, alertou Azevedo.
Além desta situação, sem precedentes nas últimas quatro décadas. Outro ponto crítico é a perda de vegetação secundária — aquela que nasce naturalmente em áreas anteriormente desmatadas, diz o alerta.
Em 2024, o país perdeu 1 milhão de hectares desse tipo de vegetação. “Estamos destruindo em um único ano o equivalente ao que levamos quatro décadas para recuperar”, disse Azevedo. Por isso, a floresta amazônica está próxima de um ponto de não retorno.
“Se perdermos 30% da cobertura original, a floresta começa um processo de autodegradação. Entre 1985 e 2023, a cobertura vegetal saiu caiu de 92,5% para 81,6% na Amazônia, o que a coloca muito próximo da margem estimada pelos cientistas para seu ponto de não retorno, estimado entre 80% e 75% de vegetação nativa. Esse número não pode continuar caindo”, diz Azevedo.
Além da perda de biodiversidade e impacto no clima regional, isso compromete a capacidade global de limitar o aquecimento do planeta.
“Para termos 50% de chance de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C até o fim do século, só podemos emitir 500 gigatoneladas de CO2 entre 2020 e 2100”, acrescentou.