Alunos fazendo necessidades no mato. As escolas rurais estão abandonadas, e o governo permaneceu inerte há muitos anos.
“É uma vergonha!”, esse foi o desabafo da deputada Dra. Michelle Melo durante mais um pronunciamento indignado na Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira, 10. E ela não está exagerando.
O que a parlamentar viu com seus próprios olhos nas escolas da zona rural do Acre, especialmente nas regiões da Transacreana, é o retrato cru do abandono da educação pública no estado.
Onde deveria ter escola, tem descaso
A Escola Estadual Verdes Floresta, no Ramal Novo Oriente, está com a estrutura caindo aos pedaços. Não tem banheiro. Não tem alojamento. Não tem merenda decente. Alunos precisam sair de casa às 3h da manhã e andar horas a pé ou a cavalo para estudar, quando conseguem estudar, porque muitas famílias já desistiram.
“É desumano. Crianças no mato para fazer xixi porque não têm banheiro. Professores se virando sozinhos, de merenda, sardinha e conserva. Isso não é normal, isso não pode ser aceitável”, afirmou Michelle.
Prometeram reforma em 2023. Estamos em 2025 e nada foi feito, pois a prioridade do governo são os shows caríssimos e as redes sociais cheias de propagandas que não refletem a verdade.
A deputada já havia enviado, em outubro de 2023, uma indicação oficial pedindo a reforma da escola. O governo respondeu que colocaria a unidade na “programação de manutenção”. E até hoje, dois anos depois, nenhum tijolo foi colocado.
“É um governo que só se mexe quando a mídia nacional mostra. Que se preocupa com likes e comentários no Instagram, mas não com o que acontece lá na ponta, onde estão os alunos, os professores, o povo que mais precisa.”
E não é só uma escola. É o sistema inteiro em colapso.
“Não é só uma escola que está caindo. É o futuro das nossas crianças que está desabando. Enquanto isso, o governo posta propaganda dizendo que a educação está indo bem. Está indo bem aonde?”, pergunta a deputada, afirmando que as coisas não estão bem em vários setores do governo, exemplificando que faltam até medicamentos básicos.