A Gol anunciou, por meio de comunicado oficial enviado à Comissão de Valores Imobiliários (CVM), na tarde desta sexta-feira (6/6), o fim do chamado “Chapter 11”, da Lei de Falências norte-americana — processo semelhante à recuperação judicial brasileira.
Em entrevista à coluna, o CEO da companhia, Celso Ferrer, afirmou que considera que a Gol “renasce” com o fim do processo. “A Gol, de fato, no papel, e na realidade, renasce hoje” afirmou.
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“É quase como se estivéssemos começando a empresa de novo, a estrutura societária, de capital. É um número monumental de documentos que foram assinados, fluxo de dinheiro para capitalizar a companhia, além dos movimentos acionários que foram feitos.”
De acordo com Ferrer, com o fim da reestruturação, a empresa pretende “retomar” suas diretrizes. “A Gol começou com o objetivo de democratizar o transporte aéreo. E esse modelo sofreu muito quando tivemos problemas com a cadeia de suprimentos, depois a pandemia e depois essa recuperação lenta do setor”, afirmou.
“O modelo da Gol é muito balizado em aeronaves novas, voando mais horas por dia, o que gera o custo unitário menor e que possibilita a companhia ser muito produtiva e dar o ao transporte aéreo com tarifas atrativas. Quando entramos em um cenário de diminuição de oferta, retração da capacidade, voamos menos com os aviões, amos a ter os aviões no chão. Foi um tiro no coração no modelo de negócios”, relembra.
Ferrer conta que a Gol chegou a ter 30 aeronaves paradas. Atualmente, são 11. “Mas no primeiro trimestre do ano que vem não teremos nenhuma. Esse tempo é para fazer toda a manutenção dos motores, o que hoje demora muito.”
Sobre a possível queda do preço das agens aéreas, Ferrer evitou cravar uma redução, mas deu bons indícios. “A combinação da volta de oferta de assentos — a Gol cresceu no primeiro trimestre 12% em relação ao ano ado — com um preço do petróleo mais baixo tem ajudado bastante. As companhias aéreas refletem isso, o que está acontecendo no setor”, afirmou.
“A boa notícia, no nosso caso, é que a gente se comprometeu com um plano de crescimento. E toda vez que há crescimento, certamente, é porque a gente vai trazer mais clientes para esse sistema. A nossa ideia é conseguir, dentro desse círculo virtuoso, ter tarifas atrativas o suficiente para que a gente consiga fazer com que mais brasileiros voem. Esse é nosso propósito”, disse.
Ferrer, no entanto, destacou a necessidade manter a “sustentabilidade” do negócio. “E fazer isso de uma maneira sustentável, com todos os desafios. Então você vai encontrar todos os tipos de tarifas dentro de um mesmo voo. Nosso modelo é bem dinâmico. Mas fazer isso de uma maneira sustentável. Porque não adianta, a gente está em um país em que as três grandes empresas estão ando ou aram por reestruturação. É um grande sinal de que o Brasil precisa de companhias aéreas fortes”, afirmou.