O Acre vive um cenário preocupante no sistema de saúde: o aumento de casos de bronquiolite entre crianças levou o governo estadual a decretar situação de emergência no último sábado (10). A doença, de rápida contaminação, tem pressionado os leitos pediátricos no Hospital da Criança, em Rio Branco, onde 16 dos 20 leitos de UTI estavam ocupados até a manhã desta quarta-feira (14).

UTIs infantis registram 80% de ocupação; governo decreta estado de emergência/Foto: Reprodução
Desde abril, o número de pacientes com sintomas gripais tem crescido no estado, especialmente entre crianças de até dois anos, público mais vulnerável à bronquiolite. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), a doença tem sido a principal causa das internações em UTIs pediátricas e leitos de enfermaria, que já operam próximos da lotação máxima — 49 dos 50 leitos estavam ocupados nesta quarta-feira.
A secretária adjunta de Saúde, Ana Cristina Moraes, informou à CBN Amazônia Rio Branco que o governo já ampliou a capacidade de atendimento e avalia novas expansões. “Saímos de 50 para 55 leitos, agora já estamos com 60, e há possibilidade de abrir mais 10, caso seja necessário, no Hospital da Criança”, afirmou em entrevista à CBN.
Doença grave, evolução rápida
A bronquiolite é uma inflamação das vias respiratórias que se manifesta inicialmente com sintomas leves, semelhantes a um resfriado comum: coriza, tosse, febre e obstrução nasal. Contudo, em bebês e idosos, os sintomas podem evoluir rapidamente para quadros mais graves, como dificuldade respiratória e chiado no peito.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por até 80% dos casos da doença e por cerca de 40% das pneumonias em crianças pequenas. Médicos alertam para sinais como retração da fúrcula — afundamento da região do pescoço — e recomendam buscar atendimento médico imediato em casos de agravamento.
Causas e medidas preventivas
A secretária Ana Cristina aponta que dois vírus principais estão em circulação no estado: o rinovírus e o influenza. Ambos contribuem para o aumento das infecções respiratórias. Ela também reforça que a baixa cobertura vacinal tem impacto direto na situação atual.
“Estamos pedindo que as crianças com sintomas gripais não sejam levadas à escola. Isso ajuda a conter a transmissão, já que esse vírus se espalha com muita facilidade”, alertou. Adultos também têm papel importante na transmissão, pois acabam levando o vírus para casa.
Entre as recomendações para prevenção estão: manter a vacinação em dia, lavar bem as mãos antes de segurar os bebês, evitar ambientes fechados, manter distância de pessoas com sintomas gripais e higienizar objetos e superfícies.
Rede em expansão
Diante do cenário, o estado anunciou a abertura de 20 novos leitos de UTI semi-intensiva pediátrica e outros 10 leitos de enfermaria no Hospital da Criança, atualmente em funcionamento no prédio do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC).
Além de crianças menores de dois anos, estão no grupo de risco bebês prematuros e com problemas cardíacos ou pulmonares. Também há indícios de predisposição genética para casos mais graves.