Path of Exile 2 é a sequência do único RPG de ação (ARPG) do mercado que, de fato, fez frente à franquia Diablo, e o novo game eleva concorrência a um nível ainda mais competitivo, reformulando pontos fracos do título original, mas ainda pecando com roteiro pouco interessante. É importante reforçar que o jogo ainda está em desenvolvimento, e o conteúdo disponível no o antecipado, por enquanto, compreende somente os três primeiros atos de seis previstos para o release final, ainda sem data de lançamento. Sendo assim, ainda há muito conteúdo a ser acrescentado, potencialmente corrigindo algumas das fraquezas dessa primeira versão, mas que, apesar de preliminar, já entrega muito mais que alguns jogos completos.
Assim como seu antecessor, Path of Exile 2 será totalmente gratuito, com sistema de monetização por meio de microtransações de itens cosméticos e de qualidade de vida, como mais abas para guardar itens, pets, ou efeitos visuais para portais. Contudo, quem tiver interesse em testar o jogo imediatamente, pode comprar o pacote de o Antecipado (EA / Early Access), custando a partir de R$ 78,90 para PC, via Steam, R$ 112 para Xbox Series X e Xbox Series S, ou R$ 159,90 para PlayStation 5 (PS5), inclusive com versão aprimorada para o PS5 Pro e e a upscaling por IA com PSSR (PlayStation Spectral Super Resolution).

Path of Exile 2: Como funciona o Antecipado?
As versões básicas dão o exclusivamente ao conteúdo já disponível do game até o momento, bem como das próximas versões, liberadas a cada três meses, aproximadamente, até o lançamento oficial, ainda sem data definida. Naturalmente, também é possível adquirir pacotes mais caros que ainda liberam itens cosméticos e outros benefícios desbloqueados para a conta toda e que serão, sim, transportados para a versão final quando ela for liberada. Por outro lado, todos os personagens e progressão obtida no EA são apagados a cada três meses, conforme a Grinding Gear Games libera mais conteúdos para Path of Exile 2, que contará com seis atos, doze classes e progressão até o nível 100, além de novas habilidades,

Esta análise preliminar de PoE2 compreende apenas parte do conteúdo da versão Dawn of the Hunt, segundo ciclo de conteúdo do o Antecipado, que engloba os três primeiros atos, sete classes, as seis iniciais, e a mais recente, Huntress (Caçadora), opção utilizada para a análise preliminar do jogo. Além das classes principais, o game também traz a mecânica de Ascenção, um sistema de especialização (atualmente duas por classe), que libera uma árvore de habilidades secundária, com pontos obtidos exclusivamente por meio de desafios específicos, e que adicionam mais profundidade à personalização do estilo de jogo.

Concluir os três atos disponíveis do EA libera o modo Crueldade (Cruelty), nível de dificuldade elevado que nos dá uma prévia do que será o conteúdo endgame da versão completa, permitindo refazer missões e lutas contra chefes poderosos para atingir o nível 100 e obter os melhores equipamentos. No entanto, não está claro se o modo será mantido na versão final, ou se é apenas uma forma de permitir que os jogadores tenham um pouco da experiência final do jogo.
Ambientação expande mundo original, mas sem muita explicação
Um ponto importante que precisa ficar claro é que a burocracia excessiva do primeiro jogo foi uma grande barreira para mim, então Path of Exile 2 foi, efetivamente, meu primeiro contato com o mundo Wraeclast, e isto, sem dúvidas, influenciou as impressões sobre a história da sequência. O game em si não exige que os jogadores tenham concluído a campanha do Path of Exile original, e vai apresentando gradualmente os elementos deste mundo de fantasia.
Por outro lado, não estar familiarizado com a mitologia original fez com que a história principal parecesse genérica e retirada de outros jogos do gênero, sentimento que só começa a diminuir quase a partir do final do segundo ato, já bem próximo do fim do conteúdo do o antecipado.

Isto porque, conforme a história avança, NPCs e elementos que pareciam genéricos inicialmente, começam a apresentar trechos da mitologia deste mundo, deixando claro que a história não apenas se a após os eventos do primeiro jogo, como seria uma consequência direta da narrativa original. Ao que tudo indica, Path of Exile 2 tem como ponto central uma figura importante que também foi crucial para o primeiro jogo e se situa aproximadamente duas décadas após seu final. O problema é que outros jogadores que também se sentiram intimidados pelo excesso de mecânicas complexas de Path of Exile, e desistiram antes mesmo de conhecer sua história, muito provavelmente ficarão igualmente perdidos por quase 30 horas de conteúdo, quando a narrativa começa a engrenar.
A trilha sonora segue a mesma toada da maioria dos jogos ambientados em mundos de fantasia, com músicas temáticas por região, umas mais tribais, outras mais “profanas”, mas não chega a ser marcante o suficiente para lembrarmos dela quando desligamos o console. Por um lado, a impressão de que PoE2 não depende de mais de 10 anos de conteúdo para fazer sentido auxilia a entrar na história sem muito receio. No entanto, quando fica claro que não é bem assim, o jogador pode ter a sensação de que talvez fosse interessante se forçar a acabar ao menos a campanha do primeiro Path of Exile antes que a versão final de PoE2 seja liberada.
Mecânicas ainda complexas, mas mais amigáveis
Como já mencionado, as mecânicas de progressão do primeiro Path of Exile foram uma barreira importante para mim e, possivelmente, para vários outros jogadores que não estão interessados em gastar horas estudando mecânicas para começar a entender como jogar com sua classe de escolha. Ainda que Path of Exile 2 mantenha a árvore de habilidades gigantesca, cheia de nódulos interconectados e milhares de possibilidades de evolução, a forma como esses elementos são apresentados é bem mais amigável.

Essencialmente, cada classe recebe pontos de atributos específicos (Destreza, Força ou Inteligência) iniciais e por nível, limitando quais equipamentos podem ser equipados, mas isto não impede que um jogador progrida para rotas inusitadas com armas completamente diferentes. Na prática, as classes iniciais servem de arquétipos-base que favorecem estilos de jogo específicos, e desviar das rotas principais aumenta o nível de dificuldade, mas também dá mais profundidade no quesito personalização. Em compensação, as especializações, sim, são travadas por classe, então antes de criar uma caçadora que irá utilizar uma espada de duas mãos é importante conferir se a escolha faz sentido no endgame, ou se ela irá inutilizar as árvores de especializações disponíveis.

Ainda no quesito personalização, as habilidades de ataque são separadas por tipo de arma, e sua evolução não depende do nível do jogador, mas de gemas obtidas de monstros. Apesar de haver gemas diferentes para cada nível, aplicar uma gema de nível 9 em um ataque novo, irá garantir imediatamente um ataque nível 9, agilizando a criação de novos builds no fim do jogo.
Modo multijogador convencional com mapas procedurais
Além de suas mecânicas específicas, a principal diferença de jogabilidade de Path of Exile 2 em relação a Diablo 4, é que o mundo em si é todo gerado proceduralmente, sem mapas fixos, salvo pelas cidades e algumas áreas de missões específicas. Com isso, cada vez que o jogador abre um mapa, a área é totalmente nova, com novos monstros (exceto chefes únicos), e construção do cenário. Outra questão é que nessas áreas, a experiência é apenas semi-online, sem os elementos de mundo aberto de Diablo 4, e sem interação direta com outros jogadores. Para jogar com outras pessoas é preciso formar grupos manualmente pela lista de amigos, ou nas cidades, onde os hubs são 100% online e compartilhados.

Em compensação, o modo multijogador local é excelente, e não obriga os jogadores a terem contas de PoE2 separadas. Ou seja, basta conectar um segundo controle e escolher ou criar um personagem secundário da sua conta principal para jogar Path of Exile 2 com um amigo no sofá de casa, algo impossível em Diablo 4, a menos que ambos os jogadores tenham o game em suas contas da Blizzard. Além da diversão em dupla, isto também possibilita evoluir mais de um personagem simultaneamente, com o progresso de campanha ficando limitado ao conteúdo de nível mais baixo, e o dano e pontos de vida do personagem mais evoluído são escalonados para baixo, evitando “rushar” conteúdos com builds poderosos.
Habilidades e Itemização
A lança, arma recomendada para a classe de Caçadora, tem ataques de curta e longa distância, com propriedades físicas e elementais, e ainda conta com escudo pequeno como equipamento na mão secundária. Isto permite criar tanto builds focados em defesa elevada e ataque concentrado em um alvo único, ou builds com ataques longos e em área para limpar vários inimigos menores rapidamente. Inclusive, a build utilizada em nossos testes ficou bastante parecida com a Amazon de javelin, de Diablo 2, com lanças de arremesso com elemento elétrico que se dividem no impacto, dizimando hordas de inimigos rapidamente.

Entretanto, ao equipar uma espada longa na build secundária, é possível evoluir essas habilidades de espada e guardar as gemas no baú para acelerar a progressão de um novo personagem. Só é preciso ficar atento aos requisitos para equipar cada habilidade, já que níveis mais altos exigem atributos maiores. Ainda falando de itens, PoE2 conta com os níveis já conhecidos de raridade, com equipamentos normais (brancos), mágicos (azuis), raros (amarelos) ou únicos (laranja), mas com um diferencial importantíssimo no início do jogo: personalização e upgrades.

A mecânica central de itemização de PoE2 oferece gemas para subir itens de categoria (normal > mágico > raro), e adicionar novos atributos, facilitando a progressão inicial de equipamentos, já que os drops por itens bons são extremamente raros na dificuldade convencional. Ainda que isto seja uma camada de microgerenciamento quase dispensável na maior parte da campanha, ela faz diferença quando o jogador se encontra travado em chefes desafiadores, como o do final do Ato 2, permitindo otimizar uma build específica para superar aquele adversário.
Jogabilidade fluida e chefes divertidos
Talvez o elemento que mais se destaque em Path of Exile 2 seja sua jogabilidade, extremamente fluida, ado o susto inicial dos sistemas de progressão, equipamento e habilidades. Uma vez que o jogador encontra uma build confortável, é relativamente fácil se adaptar aos novos desafios e monstros de cada área, e mesmo contra adversários mais complexos, nada que um pouco de persistência e atenção não resolvam. Sem entrar em spoilers específicos, mas o chefe final do Ato 2, por exemplo, tem ataques diferentes conforme o estilo de gameplay, e entender essa diferença é crucial para superar cada uma de suas fases.

Inclusive, muitos chefes trazem essa mecânica de mudar de comportamento conforme o nível de vida, algo bastante presente em jogos soulslike, mas que só costuma ocorrer em lutas pontuais em outros ARPGs isométricos, como na luta final contra Lilith em Diablo 4, principal concorrente de PoE2. Dessa forma, salvo por táticas combinando a sinergia entre os ataques equipados pelo jogador, raramente será possível utilizar uma mesma estratégia em duas lutas distintas contra chefes, ao menos na primeira run da campanha, antes do conteúdo endgame. No quesito inclusão, PoE2 traz poucas opções de ibilidade, mas ao menos oferece menus em português brasileiro. Contudo, a troca de idioma fica restrita às configurações do sistema no PS5, enquanto no PC ela pode ser realizada a qualquer momento no menu do jogo.
Path of Exile 2 vale a pena no o antecipado?
Pensando exclusivamente no fator diversão, sim, Path of Exile 2 está em um estado excelente de conteúdo, com aproximadamente 50 horas de jogo apenas para concluir os três atos iniciais e elevar o nível de personagem até, aproximadamente, nível 50. O modo de dificuldade Crueldade, dá um vislumbre do que pode aguardar os jogadores no pós-jogo da versão completa, e fica liberado assim que o jogador completa o Ato 3, tanto para o personagem já criado (mas é preciso alterar o nível de dificuldade manualmente), ou durante a criação de novos personagens. Além disso, adquirir o o antecipado é uma forma de apoiar o trabalho dos desenvolvedores da Grinding Gear Games, mesmo que sem adicionar os pacotes cosméticos opcionais à compra.

O principal ponto que pode ser um problema para alguns jogadores do o Antecipado de Path of Exile 2 é que, a cada ciclo de atualização, todo o progresso é apagado, e nenhum personagem será transportado para a versão final quando ela for disponibilizada gratuitamente. Só o que permanece são os itens cosméticos liberados para a conta por meio de microtransações. Como os ciclos de update são de cerca de três meses, este pode ser um bom incentivo para experimentar criar personagens de classes diferentes, testar novas builds e aproveitar os conteúdos atualizados, mas para quem prefere jogar tudo de uma vez, talvez seja melhor aguardar o lançamento completo.