O presidente da Argentina, Javier Milei, participou de uma entrevista ao canal televisivoA24, na segunda-feira (19/5), e elogiou sonegadores de impostos.
Milei classificou os sonegadores como “heróis” e afirmou que aqueles que seguem regras “não têm talento ou coragem para burlar o sistema”. O liberal ainda defendeu um projeto de flexibilização de regras tributárias.
“Aqueles que conseguiram escapar (da fiscalização), ótimo, não posso puni-los porque eles conseguiram fugir do ladrão (Estado)”, declarou ao programa argentino Otra Mañana. “Se todos (os argentinos) tivessem conseguido fazer a mesma coisa (sonegar), talvez os políticos tivessem parado de nos roubar”, respondeu ao jornalista Antonio Laje sobre as medidas que incentivam o uso de dólares não declarados no país.
“A verdade é que as características do imposto inflacionário na Argentina têm sido devastadoras e, como consequência disso, os argentinos, mesmo com dinheiro declarado, o am para o setor informal para poder escapar das garras do Estado”, argumentou o presidente.
O argentino ainda comparou os sonegadores de impostos com pessoas resistentes a regimes opressores. “O senhor tem uma pessoa que está presa em Cuba e consegue escapar e chega a Miami, o senhor vai lá moer a pauladas em Miami porque escapou do regime castrista cubano?”, questionou. “Lamento por aquele que não pôde escapar (dos impostos), mas o outro não fez nada de errado. É uma declaração de inveja. Quem pôde se safar, genial, não tenho que castigá-lo porque pode fugir do ladrão.”
Dinheiro paralelo
O chamado “dólar blue” é uma moeda clandestina que muitos argentinos costumam recorrer diante da inflação de desvalorização do peso argentino. A ideia de Milei é flexibilizar o uso desse dinheiro não declarado à Receita Argentina para que a população consiga comprar sem “ninguém pedindo explicações”, segundo o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo.
No entanto, a medida pode facilitar atividades criminosas, conforme críticas da oposição. Milei pontuou que o assunto deve ser tratado com o Ministério da Segurança e com o Ministério da Defesa, e que não se deve utilizar a economia para combater o crime.
Segundo o presidente, a população do país tem entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões “debaixo do colchão”. A quantia representa de 33% a 66% do Produto Interno Bruto (PIB) argentino, que é de US$ 600 bilhões. De acordo com Milei, incentivar o uso desses valores “implica uma injeção de fundos dentro da economia que poderia gerar uma aceleração da taxa de crescimento enorme”.