Uma série de vídeos obtidos pelo Metrópoles mostram os trotes que os recrutas da Marinha do Brasil recebem no Comando do 8º Distrito Naval, em São Paulo. Nas imagens, jovens são agredidos e levam mordidas na bunda, no que seria uma tradição para os novatos que estão concluindo a formação de marinheiro. Veja:
Trotes na Marinha
- Quando está prestes a se tornar um marinheiro, o recruta a por um trote, aplicado por colegas que estão há mais tempo no quartel.
- O jovem a pela “manta” e pela “mordida”, podendo escolher a ordem de aplicação do trote.
- No caso da manta, o recruta deve cobrir a cabeça com o cobertor, momento em que é agredido pelos colegas.
- Os vídeos mostram agressões com chutes, socos, cintos e até mesmo com cabos de vassoura. Alguns recrutas chegam a cair no chão.
- Já no caso da mordida, o recruta se deita em um colchão com as calças abaixadas, vestindo cueca, enquanto outros marinheiros mordem suas nádegas. Em alguns registros, o novato grita de dor.
- Em uma brincadeira, um dos marinheiros chega a oferecer, entre a manta e a mordida, uma “cuspida no cu”.
- Também há falas racistas durante os trotes. Em dado momento, um marinheiro diz a um recruta negro que está prestes a ser agredido: “você é preto, tem que aguentar”.
- Um dos recrutas agredidos seria autista, e se afastou dos colegas de corporação após o ocorrido.
- De acordo com uma fonte ouvida sob sigilo pelo Metrópoles, a prática é de conhecimento geral da Marinha. “De marinheiro até almirante, todos sabem o que acontece”, afirmou.
- Segundo o marinheiro, ocorre “muita humilhação” na corporação, principalmente de tom sexual. “Em embarcações, normalmente é feito com a pessoa nua”, disse.
Marinheiros ficam apreensivos com vazamento dos vídeos
Em um aplicativo de mensagens, os marinheiros que participaram dos trotes se mostram apreensivos com a repercussão dos vídeos, e potencial vazamento para pessoas de fora da Marinha, assim como para seus superiores.
“Tem que pegar o X9”, disse um deles. “Cancela manta e mordida, pelo menos por enquanto”, disse outro.
Segundo a conversa dos jovens, a aplicação do trote a um recruta teria tido consequências negativas, “e estão à procura de um culpado”.
Eles tentam descobrir quem teria vazado a ocorrência dos trotes, quando um marinheiro diz que “se não foi o moleque das vassouradas, não tem desculpa”.
Procurada, a Marinha do Brasil ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto.

Imagens cedidas ao Metrópoles