Igreja celebra 19 de maio como Dia de Santo Ivo, o advogado dos pobres e patrono do Direito e dos juristas

Além de defender a Verdade e a Justiça, ao santo são atribuídos milagres, razão pela qual o Papa Clemente VI o canonizou em 1347

Nesta segunda-feira, 19 de maio, é celebrado o Dia de Santo Ivo, padroeiro dos pobres e dos advogados, cuja vida inspira, há séculos, não apenas juristas, mas todos os que creem na justiça como expressão do amor cristão, segundo o calendário da Igreja Católica.

Santo Ivo de Kermartin foi proclamado patrono dos advogados, juízes e defensores públicos. É lembrado por aqueles que têm a missão de advogar com o propósito de fazer justiça, utilizando o Direito como instrumento de equidade, defesa dos injustiçados e aproximação com o divino.

Nascido em 17 de outubro de 1253, na região da Bretanha, na França, em uma família nobre, Santo Ivo revelou desde cedo desprendimento material e profunda sensibilidade para com os necessitados. Estudou Filosofia, Teologia e Direito nas renomadas universidades de Paris e Orleans. Formou-se em Direito Canônico e Civil, o que o tornava, para a época, um jurista completo, apto a atuar em qualquer tribunal eclesiástico ou civil.

19 de maio: Dia de Santo Ivo, o advogado dos pobres, o santo da Justiça/ Foto: Reprodução

Aos 30 anos, foi nomeado juiz eclesiástico e, mais tarde, advogado. Recusava-se a cobrar honorários de quem não podia pagar, atitude que lhe rendeu o título popular de “advogado dos pobres”. Sua atuação nos tribunais era pautada pela ética, pela busca da verdade e por um profundo senso de caridade cristã. Tinha um dom especial para conciliar litígios sem recorrer a punições severas, sempre buscando soluções pacíficas e justas.

agens pitorescas e milagres marcaram sua trajetória. Entre os episódios mais conhecidos está a defesa de uma viúva contra um poderoso senhor feudal. O caso parecia perdido, mas Santo Ivo, com destreza e sólida argumentação jurídica, provou que o contrato que o senhor pretendia exigir era fraudulento. A corte se comoveu com sua eloquência, e a justiça foi feita. Esse episódio correu de boca em boca na Bretanha, reforçando sua fama de defensor dos fracos.

Outro episódio marcante ocorreu quando, ao defender um camponês acusado injustamente, Santo Ivo compareceu ao tribunal sem toga, proibido de usá-la por ordem de um acusador influente. Questionado, teria dito: “É a verdade que me veste. E esta toga, ninguém pode tirar”. E, de fato, venceu a causa.

Há ainda relatos de milagres atribuídos a ele, inclusive em vida. Em uma ocasião, teria multiplicado pães para alimentar os famintos da comunidade. Em outra, ajudou uma mulher grávida a dar à luz com segurança, apenas impondo as mãos e fazendo uma oração — o que lhe rendeu fama de intercessor junto aos doentes e desesperados.

Santo Ivo faleceu em 19 de maio de 1303, aos 50 anos, sendo imediatamente reverenciado como santo. Foi canonizado pelo Papa Clemente VI em 1347, apenas 44 anos após sua morte — um dos processos mais rápidos da história da Igreja. Seu corpo repousa na catedral de Tréguier, onde, desde o século XIV, é realizada uma procissão anual com advogados, juízes e oficiais da Justiça em trajes de gala ou vestes acadêmicas, em sua homenagem. É um raro exemplo de devoção que une fé e Direito, sagrado e profano, moral e Justiça.

Santo Ivo é um modelo atual. No Brasil e no mundo, advogados celebram o 19 de maio não apenas como o dia de seu patrono, mas como um lembrete do compromisso ético que deve nortear a profissão. Em tempos em que o Direito muitas vezes é instrumentalizado por interesses escusos, lembrar Santo Ivo é reconectar a advocacia com seu ideal originário: a defesa dos direitos humanos, o combate às injustiças e a dignidade da pessoa humana.

Em sua época, Santo Ivo enfrentou estruturas opressoras, resistiu à corrupção e foi um farol de retidão moral. Para os advogados de hoje, sua vida permanece como um chamado à vocação: servir à Justiça com coragem, sabedoria, fé e compaixão.

Como ele mesmo disse certa vez, com profunda inspiração:
“Advogado, lembra-te: tua língua é espada, tua justiça é escudo, tua missão é servir, e tua causa maior é o ser humano.”

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