A gripe aviária tem se tornado um problema no imaginário da população, depois que casos suspeitos do vírus surgiram no sul do país. Embora ainda não haja registros oficiais da presença do vírus no estado, o risco é real, segundo o médico veterinário e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Henrique Jorge de Freitas, especialista em produção e sanidade de aves.

Casos suspeitos de gripe aviária já surgiram no sul do país/Foto: Reprodução
A gripe aviária, ou influenza aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta não apenas aves, mas também outros animais e, em casos mais raros, seres humanos. O professor explica que todos os países, e estados brasileiros, estão suscetíveis à disseminação do vírus, especialmente por conta do contato entre aves silvestres e domésticas.
“No Acre, como em todo o Brasil, foram criados grupos de trabalho compostos por órgãos como Mapa, Idaf, ICMBio, Ibama e Ufac para monitorar e prevenir possíveis surtos da doença”, afirmou o professor. “As criações de aves em sistema extensivo ou semi-intensivo, com baixo manejo sanitário, favorecem a disseminação do vírus, especialmente quando há contato com aves silvestres”, acrescenta.
O principal vetor da doença, de acordo com o especialista, são as aves migratórias. “Esse é o maior problema, porque elas percorrem longas distâncias em ciclos anuais. Aves do Hemisfério Norte, como do Canadá, podem chegar ao Brasil, inclusive ao Acre, trazendo consigo o vírus”, alerta.
A principal forma de transmissão do vírus entre aves é a direta, de uma ave infectada para outra. Porém, o contágio também pode ocorrer de forma indireta, por meio de objetos e equipamentos contaminados, conhecidos como fômites.
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A doença pode ser transmitida para humanos em situações de contato desprotegido com aves ou mamíferos contaminados. No entanto, Henrique Jorge faz um importante esclarecimento: não há comprovação científica de que a gripe aviária seja transmitida pelo consumo de carne de frango ou ovos, sendo seguro o consumo desses alimentos.
O estado já adota medidas de prevenção por meio de seus órgãos de sanidade animal, mas o professor ressalta que o envolvimento da população é fundamental. “É essencial que produtores e cidadãos comuniquem ao Idaf ou Mapa qualquer ocorrência de aves mortas, silvestres ou domésticas, sem causa aparente”, disse.
Entre as recomendações para criadores de aves estão a vigilância constante nos locais de criação, a manutenção da biossegurança (ambientes limpos e desinfetados) e a busca de orientação técnica sempre que necessário.
“O controle da doença é a melhor forma de proteger não só os animais, mas também os seres humanos e o meio ambiente. Não podemos alarmar a população, mas precisamos conscientizá-la”, finaliza o professor Henrique Jorge.