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Fotógrafo Sebastião Salgado, que morreu nesta sexta, esteve no Acre retratando povos indígenas 5e114g

Por Tião Maia, ContilNet qn4z

Morreu, na manhã desta sexta-feira (23), em Paris, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, aos 81 anos. Considerado o mais importante profissional da área no país e do mundo, ele tinha diversas agens pelo Acre, sempre fotografando a paisagem da Amazônia e seus povos indígenas.

Uma das agens marcantes do Acre em solo acreano deu-se em 2016, no Governo de Tião Viana. Na época, ele foi recebido no Acre pelo então senador Jorge Viana e pelo sertanista José Carlos Meirelles, quando produziu trabalho fotográfico com os povos indígenas Ashaninkas do Rio Amônia, na região de Marechal Thaumaturgo, no Alto Jurá.

O fotografo visitou o estado do Acre em 2016/Foto: Gleilson Miranda/Secom

Salgado definiu aquele trabalho como um projeto para mostrar a “nobreza dos povos indígenas da Amazônia”. 

Na época, ele disse: “Nós somos o único País no mundo que possui 13% do seu território indígena, e temos o privilégio de conviver com a sua pré-história humana. Queremos que as próximas gerações cuidem mais da nossa raça”, disse o fotógrafo ao então governador Tião Viana.

O fotógrafo falou sobre os principais trabalhos fotográficos de sua autoria realizados no mundo, entre eles Gênesis, Êxodo e Serra Pelada, além de outros trabalhos com outras etnias indígenas do Brasil, e seu processo de formação histórica. “A variante indígena é o componente mais forte racial brasileiro. E falta reconhecimento porque é uma cultura tão rica, são tantas origens. A vontade que eu tenho é de fazer um trabalho fotográfico onde a gente possa criar um grande livro de fotografia para as escolas, as universidades e as próximas gerações”, afirmou.

Alzira Yawanawá, da aldeia de Mutum, da Terra Indígena Rio Gregório, no Acre, em 2016/ Foto: Sebastião Salgado

Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em Aimorés (MG), em 1944. Era doutor em economia e durante o período entre 1971 e 1973, trabalhou para a Organização Internacional do Café, em Londres. Já, quando estava em uma viagem na África, onde coordenava um projeto sobre a cultura do café em Angola, decidiu tornar-se fotógrafo.
Enquanto estava em Paris, documentou perturbados acontecimentos sociais e políticos na Europa e na África. Realizou viagens pela América Latina, entre 1977 e 1984, onde documentou as condições de vida dos camponeses e dos índios, que se encontram no livro “Autres Amériques”, de 1986.

Trabalhou por 15 meses com o grupo francês Médicos Sem Fronteiras, percorrendo a região do Sahel, na África, e registrando a devastação causada pela seca na década de 1980. Já entre 1986 e 1992, produziu a série Trabalhadores, em que documentou o trabalho manual e as árduas condições de vida dos trabalhadores em várias regiões do mundo. Em 1994, criou sua própria empresa: a Amazonas Imagens.

O artista enfrentava problemas de saúde, após adquirir malária ainda nos anos de 1990, na Indonésia, onde não foi tratada adequadamente. Inclusive, em entrevista ao “The Guardian”, Salgado falou que as complicações da doença motivaram a sua aposentadoria.

Yara foi fotografada por Sebastião Salgado em 2016/Foto: Sebastião Salgado

Em post na Rede Social, o Instituto Terra Oficial, fundado por Salgado, publicou nota de pesar. “Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”, escreveu.

Com a esposa, o fotógrafo deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo, e os netos Flávio e Nara.
Não há informações se o corpo será sepultado no Brasil ou se será cremado na Europa.

Salgado também registrou a Serra do Divisor/Foto: Sebastião Salgado

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