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Federação do MDB pode redefinir eleições no Acre — e virar tábua de salvação para Petecão 56761

Por Matheus Mello, ContilNet e4z52

Em Brasília, o MDB está prestes a tomar uma decisão que pode causar efeito dominó na política acreana. O partido avalia duas opções para formação de federação: uma com o PSD de Gilberto Kassab ou com o Republicanos, sigla ligada à base bolsonarista. A escolha, que tem tudo para ser fechada ainda neste primeiro semestre, vai muito além da estratégia nacional — ela mexe diretamente com o xadrez de 2026 no Acre.

No tabuleiro local, a federação definirá com quem o MDB subirá no palanque. Se fechar com o PSD, a tendência natural é a aliança com o senador Sérgio Petecão, que tenta viabilizar sua reeleição em meio a um cenário difícil e de pouca margem nas pesquisas. Nesse caso, Petecão ganharia musculatura com o reforço emedebista, inclusive em tempo de TV e presença nas bases municipais.

Petecão durante visita na sede do MDB/Foto: Jardy Lopes

Mas se a federação for com o Republicanos, o cenário muda radicalmente. No Acre, o nome do partido com maior tração é o do deputado federal Roberto Duarte, principal defensor da candidatura do senador Alan Rick ao Governo.

Em Brasília, há quem prefira a estabilidade de Kassab e o pragmatismo do PSD. Mas o Republicanos tem força de bancada e ligação direta com segmentos evangélicos — especialmente estratégicos no Norte.

Tábua de salvação de Petecão

Com baixo desempenho nas últimas pesquisas de intenção de voto, o senador Sérgio Petecão (PSD) já sabe que sua reeleição em 2026 será uma das mais difíceis de sua trajetória política. O clima no seu entorno é de alerta — e a preocupação é real: o desgaste acumulado, a perda de protagonismo e o avanço de novos nomes no tabuleiro tornam o cenário cada vez mais desafiador.

Mas justamente a possível federação pode virar o jogo para Petecão. Se a federação se concretizar, Petecão ganha fôlego político, estrutura partidária mais robusta e maior tempo de TV, o que pode garantir sua presença na disputa com mais competitividade.

Para aliados, a federação seria uma espécie de “tábua de salvação” para o senador, que hoje está fora do centro das articulações. O movimento pode não garantir a reeleição, mas dá a Petecão algo que ele precisa com urgência: um novo espaço no jogo.

Será?

Independente do destino das federações em Brasília, uma movimentação começa a chamar atenção: Sérgio Petecão (PSD) e Alan Rick (União Brasil) podem iniciar conversas pensando em 2026. Os dois, que enfrentam dificuldades distintas — Petecão tentando se manter competitivo para o Senado e Alan em busca de um novo partido após possivelmente ter sido preterido pela federação União-PP — já que o próprio governador Gladson Camelí anunciou que a candidata será a vice-governadora Mailza Assis, podem acabar se encontrando no mesmo palanque.

As conversas, por ora, são discretas e em tom de “troca de impressões”.

Perder protagonismo

Figura recorrente nas pesquisas de intenção de voto para o governo e Senado, o ex-prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (MDB) sempre aparece bem posicionado — mesmo sem mandato e longe dos holofotes. Mas a verdade é que, nos bastidores, seu nome corre risco de apagão político em 2026.

O motivo? A possível federação do MDB com o PSD ou com o Republicanos. Em qualquer dos cenários, Marcus Alexandre pode ser engolido pelas articulações nacionais e perder espaço na disputa majoritária. Se o MDB caminhar com o PSD, o palanque tende a ser de Sérgio Petecão. Se a federação for com o Republicanos, o favoritismo local vai para o grupo do deputado Roberto Duarte. Em ambos os casos, o MDB pode ficar com papel secundário — e Marcos, sem vez.

Efeito dominó

A formalização da federação entre União Brasil e Progressistas não só mexeu com os bastidores da base governista no Acre — como também desencadeou um movimento em cadeia entre outras siglas. O que se vê agora é um efeito dominó: partidos médios e até grandes, diante das novas regras eleitorais e da necessidade de sobrevivência política, já estudam formar federações para 2026.

MDB, PSD, Republicanos, PSDB e até o PDT estão com negociações em andamento. O que antes era tratado como alternativa de nicho, agora começa a se consolidar como estratégia central para partidos que querem manter relevância sem risco de esvaziamento ou exclusão do debate majoritário.

A análise é que a federação União-PP estabeleceu um precedente: quem quiser disputar com força em 2026 — especialmente nos estados menores, como o Acre — vai precisar se alinhar, seja por afinidade programática ou puro pragmatismo eleitoral.

Os petistas que começaram

Muito se fala agora sobre o avanço de federações entre partidos de direita — com destaque para a união entre União Brasil e Progressistas, que movimentou o cenário político nacional e já começa a ter desdobramentos no Acre. Mas é bom lembrar: quem lançou mão dessa ferramenta primeiro foi a esquerda.

A Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV, foi pioneira nas eleições de 2022. A estratégia, articulada para garantir tempo de TV, força parlamentar e cumprimento da cláusula de barreira, acabou servindo de modelo — e também de alerta — para outras legendas. Deu certo. E agora está sendo replicada.

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