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Em busca de limites: uma reflexão sobre liberdade e consequências 9o28

Por Maysa Bezerra, ContilNet 1n3m6h

Viver Sem Limites

Era para ser mais um dia comum de aula. Mas, em uma escola de ensino fundamental no interior do país, um episódio inusitado e preocupante interrompeu a rotina: um aluno, em desacordo com as ideias de um colega, arremessou uma cadeira durante a aula. O que ele não esperava era que o objeto, ao ricochetear, o atingisse em cheio. O caso foi parar na Justiça. A família do próprio aluno entrou com um processo contra a escola, alegando falha na supervisão e na condução pedagógica.

Não estamos aqui para julgar. Como você mesmo esteja pensando nesse momento: “não sou juiz de ninguém”. E talvez seja justamente por isso que essa história nos convida a refletir: até onde vamos com a nossa utopia da liberdade?

A liberdade sem direção

Vivemos em uma era onde a liberdade é celebrada — e com razão. Mas quando ela vem desacompanhada de responsabilidade, de limites, de escuta, ela pode se tornar um risco. Um dia li de um filósofo: “A liberdade irrestrita de uns pode significar a ausência de liberdade para outros”.

O escritor brasileiro Rubem Alves dizia:

“A educação é como um jardim: exige cuidado, poda, limites. Sem isso, vira mato.”

E é exatamente isso que temos visto: crianças crescendo em ambientes onde tudo é permitido, onde o “não” é evitado, onde regras são vistas como opressão. O resultado? Dificuldade de lidar com frustrações, com opiniões divergentes, com o outro — e até consigo mesmo.

Segundo uma pesquisa da Associação Americana de Psicologia (APA) mostram que a ausência de limites claros na infância está diretamente relacionada ao aumento de comportamentos impulsivos e agressivos. Em um estudo publicado internacionalmente revelou que crianças que não aprendem a lidar com regras e consequências têm maior propensão a desenvolver transtornos de conduta e dificuldades de socialização.

A escola deveria ser um espaço de aprendizado — não apenas de conteúdos, mas de convivência. Quando um aluno agride outro (ou a si mesmo, ainda que sem intenção) por discordar de ideias, algo falhou. Não apenas na escola, mas em toda a rede de apoio que deveria prepará-lo para o convívio social.

E volto novamente falando sobre a minha Liberdade. Como dizia Cecília Meireles:

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

Mas será que estamos ensinando nossas crianças a entender o verdadeiro significado da liberdade?

O educador Paulo Freire dizia que “educar é um ato de amor, por isso, um ato de coragem”. Amar é também ensinar limites. É mostrar que viver em sociedade exige respeito, escuta, empatia. É ensinar que liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas saber escolher o que é certo — mesmo quando ninguém está olhando.

O que estamos plantando hoje, colheremos amanhã. A criança que cresce sem limites, sem escuta, sem noção de consequência, se torna o adulto que não respeita o outro, que não sabe dialogar, que não reconhece fronteiras — nem as suas, nem as dos outros. De onde vem tanta doença, tanto estresse, tantos divórcios, tantos zumbis, tantas depressão, tanta ansiedade, tantas…tantas….? Esqueceram que há limites.

Você que é pai/mãe como eu, já está em pânico, mas há esperança. Sempre há. Cada conversa como essa, cada reflexão, cada mudança de postura — por menor que seja — já é um o. Podemos (e devemos) ensinar nossas crianças a serem livres, sim. Mas também a serem responsáveis, éticas, humanas. Há LIMITES sim.

E concluo afirmando que, viver sem limites pode parecer liberdade. Mas, no fundo, é só mais uma forma de se perder de si mesmo.

Afirmo.

Maysa Bezerra

Estrategista & Storyteller

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