Duas alunas da Escola Estadual Heloísa Mourão Marques, em Rio Branco, capital do Acre, procuraram a redação do ContilNet para relatar, com exclusividade, os reais motivos que levaram à agressão que sofreram dentro da sala de aula, durante o horário escolar, na manhã da última quinta-feira (08). C.R, de 17 anos, técnica em veterinária e estudante do 3º ano do ensino médio, e sua colega A.Q, afirmam ter sido atacadas brutalmente por outra estudante, motivada por inveja, reprovação escolar e boatos espalhados entre os colegas do curso técnico.
Segundo as vítimas, tudo começou após a divulgação dos resultados da prova final do curso técnico em veterinária. Elas foram aprovadas, enquanto outros alunos não conseguiram alcançar a média. A reprovação teria gerado mal-estar, culminando em fofocas e tensão dentro da turma. De acordo com os relatos, a agressora chegou a obter as respostas da prova por meio de uma das vítimas, conseguindo fazer a avaliação — no entanto, foi reprovada por não ter entregue atividades e trabalhos ao longo do curso, o que teria alimentado ainda mais sua revolta.
Agressão durante o horário escolar e omissão da direção
A situação saiu do controle durante uma aula, em plena manhã de quinta-feira. As estudantes contam que foram agredidas com socos, puxões de cabelo e chutes dentro da sala. Uma das adolescentes sofreu lesões graves, incluindo sangramento urinário após ser atingida na região abdominal. A briga foi contida por outros alunos, sem qualquer intervenção imediata de professores, coordenadores ou membros da gestão escolar.
Apesar da gravidade do ocorrido, a direção da escola não prestou socorro. As vítimas foram levadas para a sala da coordenação, onde permaneceram trancadas, sem atendimento médico, psicológico ou apoio institucional.
Ameaças de morte pelas redes sociais
Um dia antes da agressão, uma das meninas recebeu mensagens ameaçadoras enviadas por um perfil falso no Instagram, cuja autoria foi posteriormente confirmada pela polícia. Nas mensagens, a suposta agressora fazia ameaças explícitas de morte, afirmando que arrancaria os olhos e o coração da vítima com uma faca. Os prints dessas mensagens foram anexados à denúncia registrada pela família.
A motivação por trás da violência, segundo as vítimas e os conteúdos obtidos pela polícia, estaria ligada à inveja do desempenho escolar e da aparência de uma das vítimas, como apontam as mensagens ofensivas.
Investigação policial em andamento
A mãe de uma das adolescentes registrou boletim de ocorrência na Delegacia do Menor, e a jovem foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. Durante a investigação, a Polícia Civil confirmou que o perfil utilizado para as ameaças era, de fato, controlado pela agressora. Postagens feitas em sua conta pessoal reforçaram a autoria dos ataques verbais e psicológicos.
A Delegacia especializada já concluiu que há autoria definida nas mensagens e está tratando o caso como grave.
Abalada, a família das vítimas exige providências da Secretaria de Educação e da direção da escola. O caso levanta sérias preocupações sobre a segurança dos estudantes e a omissão da gestão escolar diante de um episódio de violência com risco à integridade física e mental das alunas envolvidas.
“Não estou aqui para expor ninguém, mas para mostrar o verdadeiro motivo do que sofri. Meu vídeo foi vazado e muita gente não sabe a verdade. Tudo está registrado na delegacia”, declarou uma das vítimas à redação da ContilNet.
Até o momento, a direção da Escola Heloísa Mourão Marques não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido.