South Of Midnight é o novo jogo de ação e aventura desenvolvido pela Compulsion Games para Xbox Series X, Xbox Series S e Windows. Com lançamento previsto para 8 de abril, o game tem preços que variam de R$ 199,00 na versão básica e R$ 249,00 na edição . O título leva o jogador para um universo de fantasia com destaque para o folclore e cultura negra do “Deep South”. A trama conta a história de Hazel, uma jovem que usa poderes mágicos para procurar a mãe que desapareceu depois de uma tempestade.

South of Midnight está previsto para ser lançado em 8 de abril — Foto: Reprodução/Steam
South Of Midnight aposta em uma ambientação rica e um universo profundo para trazer diferentes tipos de jogadores para conhecer a obra. O jogo está disponível s do Xbox Game Ultimate, Xbox Game para Console e PC Game . A seguir, confira o que o TechTudo tem a dizer sobre o mais recente título da Compulsion Games e descubra os pontos positivos e negativos do jogo.

Uma história simples que guarda uma rica profundidade
South Of Midnight se a em apenas um dia da vida de Hazel, uma jovem negra que perdeu a mãe, Lacey, durante uma tempestade na fictícia cidade de Prospero, no sul dos Estados Unidos. Na jornada para encontrá-la, a protagonista descobre que é uma tecelã (Weaver), isto é, um tipo de feiticeira capaz de manipular a realidade. As tecelãs conseguem enxergar e interagir com as “linhas” e “nós” que preenchem o tecido do universo, chamado no jogo de “Grande Tapeçaria”. Para resgatar a mãe, Hazel procura por aliados e usa seus poderes para enfrentar assombrações e criaturas colocadas no caminho.
Ao longo da gameplay, Hazel descobre mais informações sobre a família e sobre o universo que a circunda. Ela recebe ajuda de Bunny, sua avó paterna rica de temperamento azedo, e de Bagre, um peixe divertido que narra a história do jogo e ajuda Hazel a se locomover pelo mundo. Conforme avança na narrativa, Hazel também tem contato com localidades típicas do sul estadunidense, como colinas bucólicas, florestas densas e pântanos hostis. As linhas que formam a trama da Grande Tapeçaria estão presentes em todos esses locais e o jogador pode usar os poderes de Hazel para interagir com o ambiente e conhecer curiosidades escondidas no mapa.

A princípio, a trajetória do jogo não é tão difícil de entender. A narrativa é linear e não se diverge do foco principal; os poucos momentos de distração não afetam a experiência e conseguem enriquecer a ambientação. No entanto, a história se aprofunda em sutilezas e detalhes que podem deixar jogadores mais distraídos um pouco confusos ou entediados.
Por apresentar elementos que vão desde fantasmas e magias até recursos mais históricos, como referências feitas as senzalas e a escravidão, South Of Midnight pode acabar se perdendo dentro da própria ambição. Porém, para jogadores que preferem se aprofundar no universo rico de um jogo, esse grande número de detalhes será um ponto positivo.
Apesar de contar com sequências de luta, a narrativa não parte para uma violência gráfica e não apela para um sensacionalismo barato para impressionar os jogadores. Pelo contrário, a história por vezes fracassa em não apresentar tantos altos e baixos, o que traz a impressão de que alguns capítulos não evoluem de forma significativa a jornada de Hazel. A trajetória da protagonista não é sobre vingança ou luto – apesar desses elementos aparecem em momentos chaves da narrativa -, mas trata sobre o processo de amadurecimento da personagem. Esse crescimento pessoal é visto pela forma com que Hazel se relaciona com o folclore do jogo; o jogador nota a evolução dela ao se deparar com temas como o legado da escravidão e o impacto humano na natureza.
A representação cultural é o carro-chefe do jogo
A Compulsion Games não estava de brincadeira quando prometeu abraçar o núcleo cultural do Extremo Sul dos Estados Unidos. Além da ambientação física se assemelhar com a região, com pântanos, bosques e áreas de cultivo presentes em todo o mapa, South Of Midnight traz uma mitologia orgânica que sabe quando ser realista e quando ser fantasiosa. Elementos reais das narrativas afro-americanas encaixam como uma luva na cosmologia construída no jogo. Além disso, o jogador nota o esforço da desenvolvedora em homenagear as comunidades negras do Sul, inclusive na escolha de dubladores que apresentam sotaques típicos desta região.
De certa maneira, o Sul se torna um personagem gótico e misterioso. Os dialetos, rituais e a arquitetura histórica da região são recriados digitalmente com excelência. Os personagens representam a diversidade da região sem cair em clichês e alusões baratas. Apesar de acreditar que Hazel poderia ter sido mais aprofundada ao longo da jornada, ainda assim os jogadores conseguem se identificar com a personagem e aproveitar o bom humor dela em momentos de tensão.

Composta por Olivier Derivière, músico de jogos como Me e Alone in The Dark, a trilha sonora é um dos pontos mais fortes de South Of Midnight. A composição é o elemento que leva o jogador a imergir no universo do jogo. Inspirada na tradição musical do sul dos Estados Unidos, as canções trazem blues e jazz com letras que ajudam a contar a história.
Por vezes, as músicas tocam nos momentos de maior conflito na narrativa, como em capítulos no qual a Hazel está enfrentando inimigos difíceis ou ando por dúvidas e inquietações. Desta forma, a trilha sonora acompanha lado a lado o jogador e se torna uma grande aliada na experiência de imersão.
Gráficos são lindos, mas desempenho é inconsistente
A escolha de animações stop-motion para as cutscenes lembra um pouco os títulos da Telltale Games. A escolha de narrar a história em ilustrações de um livro de contos é um destaque no design, já que reforça a conexão do jogo com as tradições orais afro-americanas. Além disso, o uso de materiais artesanais – como tecidos bordados, algodão e madeira envelhecida – traz uma estética única que será lembrada pelos jogadores. Foi uma escolha adequada para enriquecer uma história que traz tantos elementos culturais.
Os gráficos lembram, inclusive, títulos como Life Is Strange, mas a relação entre os games para por aí. O jogador é introduzido rapidamente para uma Hazel capaz de correr, usar lâminas para combater inimigos e criar feitiços para poder se locomover no ambiente, o que traz uma riqueza de elementos visuais para o jogo. A iluminação é bem trabalhada em todos os ambientes e permite ao jogador observar a riqueza de detalhes que constitui o mapa.

Apesar do uso competente da Unreal Engine 5 para construir o mundo, South of Midnight apresenta algumas falhas de otimização no desempenho gráfico. Os jogadores podem notar o surgimento de pop-in de texturas em regiões abertas, o que significa que elementos podem surgir de forma abruta na tela. Além disso, o carregamento entre capítulos pode ser lento demais e a taxa de quadros é instável em momentos de maior ação. Durante os testes do TechTudo, o game chegou a crashar uma vez. No entanto, o sistema de salvamento automático ajuda o jogador a não arriscar perder tempo com bugs e ter que voltar para checkpoints anteriores. Os testes foram feitos no PC.
Gameplay pode se tornar repetitiva com o tempo
O sistema principal do jogo gira em torno da luta com as lâminas e o uso dos encantos da Hazel. Entre outros poderes, a protagonista é capaz de criar pontes aéreas, dar vida a um boneco de pano, enredar inimigos em teias de energia e reformar objetos do ambiente para resolver quebra-cabeças. Neste quesito, a mecânica e as sequências de combate podem ser comparadas superficialmente com jogos como God Of War 4 e Sekiro: Shadows Die Twice. Contudo, a falta de inovação no combate e a previsibilidade dos desafios pode entediar os jogadores ainda nas primeiras horas de gameplay.
South Of Midnight parece repetir uma fórmula durante toda a narrativa e trazer obstáculos que podem ser superados com soluções simples. As missões secundárias recaem em coletáveis genéricos e o jogador se sente pouco instigado a explorar o mundo, por mais que haja uma riqueza folclórica atraente no jogo.

As linhas mágicas indicam o caminho que precisa ser tomado para chegar a próxima fase, o que descomplica até demais a movimentação pelo mundo. Os inimigos são pouco desafiadores e as sequências de parkour são relativamente fáceis de serem ultraadas, tanto na dificuldade intermediária quanto na mais difícil.
Já o combate de South Of Midnight traz uma constante sensação de déjà vu aos jogadores. A repetição dos inimigos comuns é um ponto negativo. Os feitiços são envolventes, mas, uma vez compreendidos, deixam de encantar os jogadores. No entanto, os chefes oferecem momentos épicos quando são enfrentados. Esses oponentes apresentam um desafio maior para o jogador e têm mais variedade – enfrentamos desde espíritos de furacões até monstros do mar gigantes. Infelizmente, eles são escassos e não estão presentes em todos os capítulos.
Vale a pena jogar South Of Midnight?
South Of Midnight é o tipo de jogo “arroz com feijão” bem feito. A história é cativante, a ambientação e os gráficos são agradáveis e as mecânicas são de fácil compreensão. O jogo repete fórmulas conhecidas em jogos de ação e aventura, mas se diferencia por trazer elementos artísticos interessantes, o que inclui uma representação cultural bem desenvolvida e uma trilha sonora que se encaixa bem na narrativa. Apesar do título pecar na falta de inovação, jogadores amadores e experientes podem ter uma experiência divertida com a produção da Compulsion Games, principalmente quando consideramos que o jogo entra direto no Game .
Os fãs que buscam um universo rico para imergir vão ficar encantados com o título e jogarão a obra de maneira leve. Porém, jogadores que priorizam uma jogabilidade desafiadora e criativa arriscam se frustrar com as mecânicas clichês e combates repetitivos que preenchem as horas de gameplay de South Of Midnight.