A onça-pintada capturada após matar o caseiro Jorge Avalos, de 60 anos, no Pantanal, está doente e com peso corporal abaixo do esperado para um animal da espécie. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (24) por veterinários e especialistas após a chegada do felino ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande (MS).
De acordo com o professor Gediendson Araújo, pesquisador do Reprocon (Reprodução para Conservação) e especialista em grandes felinos, o macho deveria pesar cerca de 120 quilos, mas apresenta apenas 94. “É um caso incomum. A partir da avaliação clínica e dos exames sanitários, vamos identificar qual doença ele pode ter. Esse emagrecimento acentuado não é normal”, explicou.

A onça-pintada capturada após matar o caseiro Jorge Avalos está doente e com peso corporal abaixo do esperado / Foto: Secom
A suspeita é que a condição debilitada da onça tenha contribuído para o comportamento agressivo e o ataque fatal ocorrido na região do Touro Morto, entre os municípios de Anastácio e Aquidauana. “É muito raro um felino desse porte atacar humanos. Nesse caso, o animal perdeu o medo do homem, o que é extremamente atípico e preocupante”, destacou Gediendson.
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O animal foi capturado na madrugada desta quinta-feira (24), por volta das 4h, no mesmo local onde Jorge Avalos foi encontrado morto no último domingo (21). Armadilhas colocadas pelas equipes de resgate permitiram a captura segura do felino, que agora a por avaliação clínica no CRAS. “Buscamos capturar no exato ponto onde ele esteve na noite anterior. As pegadas e o biótipo confirmam que se trata do mesmo indivíduo”, acrescentou o especialista.

O animal foi capturado na madrugada desta quinta-feira (24), por volta das 4h, no mesmo local onde Jorge Avalos foi encontrado morto / Foto: Secom
O secretário-executivo da Semadesc, Artur Falcette, informou que, após os exames e a estabilização, a onça-pintada será incorporada ao programa federal de manejo da fauna silvestre, sob coordenação do ICMBio.
Segundo o tenente Alexandre Saraiva Gonçalves, comandante do pelotão da Polícia Militar Ambiental em Porto Murtinho, a investigação também considera o uso de “cevas” — prática ilegal de alimentar animais silvestres para atraí-los. “Recebemos relatos de grupos que estariam se organizando em torno da presença da onça. É uma conduta proibida por lei e será tratada com rigor”, afirmou o militar.
Falcette reforçou que caçar animais silvestres é crime ambiental e que possíveis oportunistas estão sendo monitorados. “Temos certeza de que produtores rurais sérios não compactuam com essas ações. Vamos agir firmemente contra qualquer tentativa de caça.”
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