O Acre tem sentido ao longo dos anos os efeitos das mudanças climáticas que vêm transformando a paisagem da Amazônia Legal. De 1995 a 2024, o estado contabilizou 268 desastres naturais registrados oficialmente pela Defesa Civil Nacional, sendo a maioria de origem hidrológica, como inundações, enxurradas e alagamentos, fenômenos que estão diretamente ligados ao comportamento dos rios e ao aumento das chuvas extremas.
Segundo dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, o Acre registrou nesses anos, do total de desastres naturais registrados, 89 foram desastres hidrológicos, 80 climatológicos, 12 de outras naturezas e 5 meteorológicos.

O estado do Acre tem sofrido sucessivas enchentes ao longo dos últimos anos/ Foto: Reprodução
Embora o estado apareça entre os com menor número de ocorrências na região, os impactos têm sido intensos, principalmente para populações ribeirinhas e áreas urbanas vulneráveis.
Crescimento regional
Em toda a Amazônia Legal, os desastres naturais cresceram quase 18 vezes em menos de 30 anos. Em 1995, foram registrados apenas 37 eventos. Já em 2024, esse número saltou para 1.425 ocorrências, o que representa um aumento de 1.789%.

O Rio Acre deixou mais de 40 bairros alagados na capital acreana no início de 2025/ Foto: ContilNet
O tipo de desastre mais frequente é o hidrológico, que responde por aproximadamente 64% de todos os registros na região.
De acordo com os técnicos da Defesa Civil, esse perfil está diretamente relacionado à dinâmica das cidades amazônicas, fortemente conectadas a rios e igarapés.
No ranking geral de desastres, o Pará lidera com 1.975 registros no período, seguido por Mato Grosso (1.311), Amazonas (1.164), Maranhão (726) e Tocantins (672).
O Acre aparece à frente apenas de Roraima (com 73 ocorrências) e Amapá (com 46), mas segue a mesma tendência de aumento nos eventos extremos.
Especialistas alertam que, com o avanço das mudanças climáticas, os desastres naturais tendem a se tornar mais frequentes e mais severos.
O desafio para estados como o Acre será investir em infraestrutura e ampliar o monitoramento ambiental, além de criar políticas públicas voltadas à redução de riscos e prevenção de tragédias.