Em meio à tensão política e ao avanço das discussões sobre o projeto de lei da Anistia, o presidente Lula participa nesta quarta-feira (23) de um jantar na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em Brasília. O encontro reúne líderes partidários e é visto por aliados como uma tentativa de reforçar a articulação política do governo junto ao Congresso Nacional.
O jantar tem como objetivo promover um diálogo direto entre Lula e os parlamentares sobre pautas prioritárias para o Executivo. Entre os temas em discussão estão a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a recém-apresentada Pec da Segurança, entregue oficialmente hoje pelo Palácio do Planalto ao Congresso.
No entanto, o principal foco do encontro deve ser o debate sobre o projeto de Anistia para envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O presidente da Câmara, Hugo Motta, vem tentando costurar uma alternativa junto ao Planalto e ao Supremo para encontrar uma saída em relação a esse tema.
A proposta de anistia será debatida em reunião do Colégio de Líderes marcada para amanhã. O PL conseguiu 262 s para o requerimento de urgência na tramitação do texto — superando o mínimo necessário de 257.
O formato do encontro desta noite segue o mesmo modelo do realizado na residência oficial do Senado no início de abril: um jantar reservado em clima informal, semelhante a um happy hour, que reuniu lideranças da Casa. Desta vez, a reunião contará com líderes de todos os partidos.
A expectativa é que o projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro esteja entre os assuntos abordados, embora lideranças aliadas ao Planalto afirmem que o tema não será levado diretamente ao plenário. Segundo essas fontes, uma alternativa ainda está sendo construída.
A reforma ministerial, por sua vez, não deve entrar na pauta da noite. Temas como o futuro do Ministério das Comunicações, atualmente sob o comando do União Brasil, devem ficar fora da discussão entre os líderes.
A participação de Lula reforça a estratégia de aproximação direta com o Congresso, intensificada após a nomeação de Gleisi Hoffmann para o Ministério das Relações Institucionais. A movimentação também se reflete na recente decisão do presidente de incluir representantes das duas Casas Legislativas na comitiva oficial que irá a Roma para o funeral do papa Francisco.