22 de maio de 2025

A invisibilidade da maternidade atípica e as dificuldades do cotidiano

Mães de pessoas com deficiência costumam ser chamadas, até mesmo se apresentarem, como atípicas

Por trás de um autista, existe o sofrimento invisível de uma mãe. Mães de pessoas com deficiência costumam ser chamadas, até mesmo se apresentarem, como atípicas. A maternidade, de maneira geral, sempre exige muita energia e dedicação. A mãe de uma pessoa com deficiência adiciona estereótipos e isolamento ao combo da maternidade, por conta da maneira preconceituosa como a sociedade ainda trata esse público.

A invisibilidade da maternidade atípica e as dificuldades do cotidiano. Foto: Reprodução

Talvez você não saiba, mas o índice de suicídios entre esse grupo de mães é alto, extremamente alto. E por quê? Veja bem o que diz um estudo feito com famílias norte-americanas divulgado no Journal of Autism and Developmental Disorders: o nível de estresse experimentado por mães de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), por exemplo, assemelha-se ao estresse crônico apresentado por soldados combatentes.

Sim, é isso mesmo que você leu: nós vivemos em um estado constante de alerta, de vigilância, em um contexto em que qualquer descuido pode virar tragédia. Falam que todo autista precisa de uma mãe advogada e barraqueira, porque cada vez mais aumentam os estereótipos de que as mães são briguentas, inconformadas. Qual mãe não quer o melhor para seu filho?

As mães atípicas precisam matar um leão por dia, uma lista constante de preocupações como o combate ao bullying e ao preconceito, os embates constantes com planos de saúde ou com a tentativa de vaga para as terapias pelo Sistema Único de Saúde, o desgaste com instituições de ensino para inclusão escolar, e de sobra a sociedade ainda olha torto quando se entra na fila preferencial.

Mães de pessoas com deficiência costumam ser chamadas, até mesmo se apresentarem, como atípicas – Leilane Campos.

Quando, com muito custo, vem a calmaria, o vínculo é formado com a terapeuta, há uma professora comprometida na adaptação curricular, mas, de surpresa, vem a bomba: o terapeuta sai, muda a professora e toda jornada é iniciada novamente. É uma constante vida nesse ciclo.

Nessa caminhada, encontramos outras mães atípicas e vamos sendo rede de apoio, nem que seja em uma simples troca de mensagem. E assim vamos ressignificando essa tão difícil caminhada. Nós existimos, assim como nossos filhos com deficiência. Se continuarmos invisíveis, amparo e equidade são conceitos que não farão parte da realidade.

Precisamos de políticas públicas para cuidar de quem cuida, para ter uma saúde mental para que possamos continuar no embate até que se chegue o dia de não precisarmos matar mais leões.

A vida da mãe de uma pessoa com deficiência é marcada por desafios constantes e sofrimento invisível. É fundamental que essas mães sejam vistas e ouvidas, e que recebam o apoio e os recursos necessários para cuidar de seus filhos e de si mesmas. Além disso, é essencial que a sociedade como um todo trabalhe para criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor para pessoas com deficiência e suas famílias.

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