Rádio, remédio e enlatados: UE recomenda que famílias adquiram kit de sobrevivência

Medida foi anunciada em meio a tensões geopolíticas e riscos crescentes de desastres naturais e ciberataques; kit deve servir para famílias sobreviverem por 72 horas

Rádio, remédio e enlatados: UE recomenda que famílias adquiram kit de sobrevivência/Foto: Marcus Wallis/Unsplash

Entre as orientações mais práticas do guia, que conta com 30 ações-chave, está a montagem de um kit de sobrevivência básico para uso doméstico. O objetivo é garantir que os cidadãos possam enfrentar com autonomia os primeiros dias de uma situação crítica, quando os serviços públicos podem estar indisponíveis.

Recomendação vale para todos os habitantes da União Europeia

O que deve conter o kit:

  • 6 garrafas de água potável por pessoa;
  • Alimentos não perecíveis (como arroz, massas e enlatados);
  • Lanternas e pilhas;
  • Rádio analógico com pilhas;
  • Kit de primeiros socorros completo.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Roxana Mînzatu, resumiu o espírito do plano com uma metáfora: “Conserte-se o telhado enquanto o sol ainda brilha”. O plano incentiva os cidadãos a se prepararem antes que uma nova crise aconteça — algo que, segundo Bruxelas, não é mais uma possibilidade remota.

A proposta surge em um momento de alerta crescente dentro da UE. Agências de inteligência europeias vêm reforçando o risco de a Rússia lançar algum tipo de agressão contra o bloco nos próximos cinco a dez anos. Além disso, a experiência da pandemia de covid-19 e a intensificação de eventos climáticos extremos evidenciaram a vulnerabilidade das populações.

O guia da Comissão também recomenda que os países promovam simulacros, cursos e exercícios de emergência para civis, além de integrar o tema da preparação em escolas e campanhas públicas. Há ainda sugestões de cooperação entre civis e militares e de criação de uma plataforma digital com informações em tempo real sobre riscos e rotas de fuga em caso de emergência.

Quanto custa o kit sobrevivência recomendado pela União Europeia?

UE quer que cidadãos se preparem para sobreviver por ao menos 72 horas sem apoio externo

“Estratégia de Preparação da União Europeia”

Além das recomendações práticas para os lares, o novo plano — batizado de Preparedness Union Strategy (“Estratégia de Preparação da União Europeia”) — é uma tentativa ampla da Comissão Europeia de transformar a cultura de resposta a crises no bloco, ando de uma abordagem reativa para uma postura mais proativa e coordenada.

“O objetivo da estratégia é fortalecer a preparação civil e militar em toda a Europa, garantindo que todos — governos, empresas e cidadãos — estejam prontos para agir com rapidez e eficácia quando necessário”, afirmou a Comissão Europeia em nota oficial.

A estratégia se baseia em três pilares principais: uma abordagem integrada a todos os tipos de ameaças (naturais ou humanas), o engajamento de toda a sociedade e a cooperação entre diferentes níveis de governo.

Entre as ações-chave, estão:

  • Criação de um de crises para autoridades tomarem decisões com base em dados em tempo real;
  • Revisão do Mecanismo de Proteção Civil da União;
  • Desenvolvimento de diretrizes para garantir que cada cidadão possa se manter autossuficiente por pelo menos três dias.

Veja outros elementos que compõem o plano:

Estocagem

Para ampliar a resiliência das funções vitais da sociedade, o plano prevê a integração de critérios de preparação em todas as políticas da UE, uma estratégia de estocagem de produtos essenciais — como medicamentos, alimentos e água — e o fortalecimento da segurança de recursos naturais críticos. Um dos objetivos é garantir a continuidade de serviços essenciais, como transporte, energia, saúde e telecomunicações, mesmo durante crises graves.

Sistemas de alerta

Outro foco importante da estratégia é o fortalecimento dos sistemas de alerta precoce e da comunicação de risco, com campanhas educativas, materiais informativos online e inclusão do tema da preparação nos currículos escolares. “Queremos aumentar a conscientização pública sobre os riscos e capacitar os cidadãos a agir de forma autônoma”, destacou a Comissão.

Protocolos de emergência

A estratégia também incentiva a criação de protocolos de emergência entre governos e o setor privado, a formação de uma força-tarefa de preparação com empresas e a revisão das normas de compras públicas. No campo da cooperação civil-militar, o plano prevê exercícios conjuntos, padronização de investimentos de uso dual (civil e militar) e maior integração com parceiros estratégicos, como a OTAN.

Revisão de políticas

Por fim, o documento propõe que todas as futuras políticas e legislações da UE em por uma verificação de impacto sobre segurança e preparação. “Para estarmos realmente prontos, precisamos saber exatamente para o que devemos nos preparar. Isso exige avaliações de risco mais abrangentes e intersetoriais”, explica o texto, que prevê a primeira grande avaliação de riscos e ameaças da UE até o final de 2026.

 

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