A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alvo de ataques recentes do senador Plínio Valério (PSDB-AM), ganhou a solidariedade do senador Eduardo Braga (MDB-AM), ao declarar que é possível criticar políticas públicas sem recorrer ao desrespeito pessoal ou institucional. Ao comentar a participação de Marina em uma audiência da I das ONGs, o senador Plínio Valério disse: “Imagina o que é ficar com a Marina seis horas e dez minutos sem ter vontade de enforcá-la?”
Braga discordou do posicionamento do colega de Senado. “Eu posso discordar das ideias, mas eu não posso desrespeitar nem a figura da mulher e muito menos a figura do ser humano. Esse é o meu comportamento”, afirmou após participar do II Fórum ESG Amazônia, que ocorre em Manaus.
Braga acrescentou que discorda de alguns posicionamentos políticos da ministra, mas que a crítica é técnica e política, sobretudo voltada ao que considera uma visão ultraada do desenvolvimento sustentável diante das inovações tecnológicas das últimas duas décadas, afirmou ele, citando a obra da BR-319 – trecho de conexão por terra entre as cidades de Manaus (AM) e Porto Velho (RO) – e à chamada margem equatorial – nova fronteira exploratória de petróleo, que vem causando discussões.
Ele ressaltou que o respeito deve prevalecer entre todos os parlamentares, afirmando manter um respeito pessoal pela ministra Marina Silva, com quem compartilha uma longa trajetória de convívio político. “Eu conheço a Marina há pelo menos 30 anos. Ela morou em Manaus, no Morro da Liberdade, e tenho uma iração pela sua história de vida. Discordar dela não significa deixar de respeitá-la”, declarou o senador.
Braga disse ainda que a Casa ficou dividida e citou a representação por parte das senadoras ao Conselho de Ética. Ele considerou a fala do colega como “infeliz” e o correto era ele ter se retratado publicamente. “Ele podia ter pedido desculpas, mas resolveu adotar uma postura que é dele, individual, e que somente ele pode responder por isso”, acrescentou.
Marina Silva é acreana de Rio Branco. Formada em História pela Universidade Federal do Acre (Ufac), começou sua militância política ainda no movimento estudantil, como militante do PT. Amiga de Chico Mendes, que seria assassinado em 1988, mesmo ano em que ela se elegeria vereadora por Rio Branco no seu primeiro mandato político. Em 1990, se elegeu deputada estadual. Em 2004, disputou vaga para o Senado e foi reeleita. Em 2002, foi reeleita e acabou por assumir, pela primeira vez, o cargo de ministra do Meio Ambiente no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito para o primeiro mandato naquele ano. Quatro anos depois, em 2006, com Lula reeleito para um segundo mandato, a senadora voltou a se licenciar para, pela segunda vez, voltar a ocupar a Esplanada dos Ministérios, novamente como ministra do Meio Ambiente.
No meio do governo, desentendeu-se com a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou o PT e o governo de Lula para ser candidata à presidência da República pela primeira vez. Disputou a eleição presidencial por mais duas vezes sem sucesso e, em 2025, anunciou que não seria mais candidata à presidência. Transferiu o título eleitoral e o domicílio de Rio Branco para Santos, no interior de São Paulo, onde vivem os familiares de seu marido, Fábio Vaz. É deputada federal por São Paulo, eleita pelo Rede Sustentabilidade, partido fundado por ela.