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Desbancando o Clube do Bolinha no Direito: os desafios e conquistas das mulheres na advocacia 4j193b

Por Ianná Biancardi 6f6s25

Artigo é escrito pela advogada Ianná Biancardi/Foto: Reprodução

A presença feminina na advocacia brasileira tem crescido significativamente nas últimas décadas. De acordo com o PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, realizado em 2023/24, as mulheres representam 50% dos profissionais da advocacia no país. No entanto, apesar dessa paridade numérica, persistem desigualdades de gênero, especialmente em áreas tradicionalmente dominadas por homens, criando barreiras invisíveis que dificultam a ascensão e a equidade profissional das advogadas.

Embora as mulheres constituam metade da advocacia brasileira, ainda enfrentam disparidades salariais significativas. Dados do IBGE indicam que, em média, as advogadas recebem 23,6% menos do que seus colegas homens. Essa diferença é ainda mais acentuada entre mulheres negras, que ganham, em média, 36,7% menos do que homens brancos na mesma profissão.

Além da questão salarial, a sub-representação feminina em cargos de liderança é uma realidade preocupante. Mesmo com a crescente participação das mulheres no meio jurídico, a ocupação de espaços de poder ainda é majoritariamente masculina, dificultando a construção de um ambiente mais equitativo.

As dificuldades enfrentadas pelas advogadas vão além da remuneração e da falta de representatividade. O ambiente jurídico brasileiro ainda carrega traços de um “clube do bolinha”, onde práticas discriminatórias persistem, muitas vezes de forma velada.

Entre essas barreiras invisíveis estão os preconceitos implícitos, redes de networking predominantemente masculinas e a resistência à presença feminina em posições estratégicas. Além disso, há um padrão enraizado que associa liderança e competência a características tradicionalmente masculinas, dificultando a aceitação e a ascensão das mulheres na profissão.

Apesar dos desafios, importantes avanços vêm sendo conquistados. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou, em 2020, uma resolução que estabeleceu a paridade de gênero nas eleições da entidade, exigindo que as chapas candidatas tenham 50% de mulheres.

Além disso, escritórios de advocacia e instituições jurídicas têm implementado programas de mentoria e treinamento de liderança voltados para advogadas, promovendo capacitação e incentivo para que assumam posições de destaque. Essas iniciativas são fundamentais para quebrar paradigmas e transformar a estrutura do mercado jurídico.

A igualdade de gênero na advocacia brasileira tem avançado, mas ainda enfrenta obstáculos significativos, especialmente em áreas historicamente masculinas. Superar essas barreiras invisíveis exige esforços coletivos, tanto institucionais quanto individuais, promovendo mudanças culturais e estruturais que assegurem equidade de oportunidades e reconhecimento para todas as advogadas.

O caminho para desbancar o clube do bolinha a pelo fortalecimento da representatividade feminina, pela adoção de políticas afirmativas e pelo compromisso contínuo com a transformação da cultura jurídica, garantindo um futuro mais justo e inclusivo para as mulheres no Direito.

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