Acusado por pelo menos duas vítimas de praticar estupro, violência física e psicológica, o ex-policial militar do Acre, Deusiane Melo de Alencar, saiu da prisão e progrediu para o regime semiaberto, com uso de tornozeleira eletrônica. A decisão é da juíza Louise Kristina Lopes de Oliveira Santos, da 2ª Vara de Proteção à Mulher da Comarca de Rio Branco, assinada e publicada no dia 10 de fevereiro.
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Com uma pena de 3 anos, 11 meses e 7 dias de reclusão, Deusiane cumpre a pena em casa. Apesar da progressão, a juíza o condenou à pena de multa “que arbitro em 14 dias-multa, fixando o valor do dia-multa em 1/30 do salário mínimo vigente à data do fato” e ao pagamento das custas processuais, negando-lhe o direito à Justiça de garantias.
“Revogo a prisão preventiva e autorizo a expedição de alvará de soltura já com a instalação de tornozeleira eletrônica, para iniciar de imediato a pena provisória no regime semiaberto imposto”, diz a magistrada na sentença.
Deusiane foi obrigado a cumprir algumas medidas, como não remover o dispositivo eletrônico; não se ausentar da comarca; não frequentar bares, balneários, casas noturnas, boates, botequins, festas ou estabelecimentos em que haja comercialização de bebidas alcoólicas; e permanecer em casa quando não estiver trabalhando.
Os casos vieram à tona após reportagens exclusivas publicadas pelo ContilNet. Uma das vítimas disse ao site que o policial a torturou e estuprou durante uma noite inteira. Outra mulher também o acusa de estuprá-la enquanto ela dormia.
“Começou a me agredir na rua mesmo e a me dar chutes. Eu tentava levantar, ele me jogava no chão de novo, na calçada ao lado do bar”, descreve uma das vítimas sobre as agressões que foram seguidas de ameaças.
“Ele tentava me enforcar, tentando me impedir de gritar, tirava o meu ar. Ele me xingando, disse que eu era ‘muito pu*a e, já que eu era uma pu*a, eu ia chupar ele até ele go*ar’. Foi quando ele começou e me obrigou. Ele chegou até a gravar um vídeo, eu chorando, e dizia assim: ‘Ajeita essa cara e para de chorar, que assim eu não go*o nunca!’. Foi assim que aconteceu. Depois de ter feito tudo que ele queria, ele mandou eu dormir e disse que eu iria para casa no dia seguinte”, revelou outra.
Em novembro do ano ado, a defesa de Deuziane chegou a acionar o Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) com pedido de habeas corpus, mas foi negado. Em seguida, ele foi transferido para o presídio Francisco de Oliveira Conde, onde permaneceu até ser solto e ir para o regime semi-aberto.
Exames comprovam estupro e violência
O ContilNet teve o, com exclusividade, a um laudo de exame de corpo de delito (sexologia forense) realizado em uma das vítimas, em setembro do ano ado – antes da decisão da juíza.
A perícia concluiu que, durante a coleta de conteúdo vaginal, foi identificada a presença de “vestígio de prática libidinosa” na vítima. Além disso, afirmou que houve violência durante o ato.
No documento, o perito é questionado sobre qual meio de violência foi empregado no caso. A resposta foi: “física e psicológica”.
O que diz a PM?
Ao ContilNet, a Polícia Militar garante que “o ex-PM Deusiane Melo de Alencar não faz parte dos nossos quadros desde 14 de março de 2024”. Além disso, a corporação informou que ele “foi excluído justamente por não possuir requisitos éticos e morais para continuar nos nossos quadros”.