Entre 2019 e 2022, o garimpo ilegal no Brasil superou a expansão da mineração industrial, com um crescimento de 1.200%. Um estudo publicado na revista Nature revelou que, enquanto a mineração industrial aumentou cinco vezes nesse período, a exploração ilegal se espalhou rapidamente, especialmente na Amazônia, onde 91% das áreas afetadas estão localizadas. A pesquisa foi realizada a partir de imagens de satélite da NASA, que ajudaram a mapear a atividade de extração mineral no país.
De acordo com Luiz Ferreira Neto, coautor da pesquisa, embora já fosse conhecido o domínio do garimpo ilegal sobre a mineração industrial, esse estudo forneceu um mapeamento detalhado, destacando a magnitude do problema. Em 2022, o garimpo ilegal ocupou 2.627 quilômetros quadrados, enquanto a mineração industrial afetou 1.800 km².

Fiscalização em Garimpo Ilegal / Foto: Reprodução
Um aspecto alarmante é que 62% das áreas de garimpo ilegal com até cinco anos de atividade estão em terras indígenas, que são legalmente protegidas. As comunidades Kayapó, Munduruku e Yanomami, que vivem no Pará e Roraima, são as mais impactadas, com 90% da mineração ilegal concentrada em seus territórios. Segundo Arlesson Souza, coautor do estudo, essas comunidades enfrentam sérias consequências, como doenças causadas pela contaminação de rios com mercúrio e a presença de atividades criminosas, como prostituição e trabalho escravo.
A ANM (Agência Nacional de Mineração) esclareceu que não aprova a mineração em terras indígenas ou unidades de conservação, áreas onde a atividade é ilegal. Para mapear o avanço do garimpo ilegal, os pesquisadores utilizaram ferramentas como o Google Earth Engine e imagens do satélite Landsat. A pesquisa também identificou práticas típicas do garimpo ilegal, como a destruição de calhas de rios e a erosão das margens, contrastando com a mineração industrial, que segue regras ambientais, como o controle de encostas e a reposição de vegetação.

Garimpeiro Ilegal na Amazônia / Foto: Polícia Federal
Ferreira Neto ressaltou que a mineração industrial, apesar de seu impacto ambiental, é mais controlada devido à necessidade de cumprir normas. No entanto, o combate ao garimpo ilegal ainda enfrenta dificuldades, principalmente devido ao o limitado às áreas afetadas. Além disso, Souza apontou o papel de projetos de lei que incentivam a exploração ilegal e a necessidade de maior mobilização social. Os pesquisadores planejam lançar um projeto de monitoramento diário do garimpo ilegal em 2025, com apoio da MapBiomas.