Um áudio gravado por um suposto integrante da maçonaria, identificado como Candiru, em que afirma que a entidade não aceita homossexuais ou pessoas com deficiência (PCDs). No áudio, ele cita a presença de um membro homossexual em uma loja localizada no município de Feijó, no interior do Acre.
“Rapaz, o que mais me impressionou foi agora em Feijó, nos bastidores, e descobri que na ordem, na Maçonaria, tem um irmão nosso – que, se está na ordem, é nosso irmão – que é homossexual, e na nossa ordem não pode. Pela primeira vez eu vi isso e fiquei impressionado. Estou impressionadinho”, declarou no áudio.
Saiba mais: Integrante da maçonaria diz que entidade não aceita homossexuais e não deveria acolher PCDs

A Loja Maçônica Coronel José Plácido de Castro N° 06, em Feijó, citada no áudio, desmente vínculo com o autor das declarações/Foto: Reprodução
Em contato com a reportagem do ContilNet, Candiru confirmou ser o autor do áudio. “Esse áudio é meu e fui eu quem falei. Sou maçom também. É o regimento. Se você quiser saber informações, pegue o regimento da maçonaria e olhe. O que tenho a declarar é isso”, disse.
Questionado sobre a suposta proibição, Candiru reforçou que a ordem não aceita PCDs. “O que eu tenho a declarar é isso. Não tenho obrigação. Sou da ordem e digo bem claro que a ordem não pode ter esse tipo de coisa. Não podemos ter nem pessoas com deficiência. O regimento da ordem não aceita”, concluiu.
A reportagem procurou o Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Acre (GLEAC), José Cavalcante Damasceno Júnior, para esclarecer o caso. Ele afirmou que ainda não pode se manifestar oficialmente sobre o assunto, mas que a situação será analisada após o recesso da instituição, previsto para fevereiro.
Reações e Notas de Repúdio
A Loja Maçônica Coronel José Plácido de Castro Nº 06, situada em Feijó, manifestou-se através de nota, negando qualquer vínculo com Candiru e repudiando suas declarações. A instituição solicitou a retirada da imagem de sua loja, que foi utilizada indevidamente na publicação, e exigiu retratação.
Além disso, a Sereníssima Grande Loja Maçônica do Estado do Acre (GLEAC) emitiu uma nota de esclarecimento afirmando que o indivíduo não faz parte dos quadros da instituição e que não há qualquer tipo de discriminação na Constituição ou no Regulamento Geral da organização. A nota também enfatiza que a maçonaria preza por valores como beneficência, solidariedade e respeito à diversidade.
Nota Pública de Esclarecimento (na íntegra):
A Sereníssima Grande Loja Maçônica do Estado do Acre (GLEAC) vem a público trazer informação sobre publicações da imprensa a respeito da fala de um “maçom” com discriminação contra homossexuais e pessoas com deficiência. O referido cidadão não pertence aos quadros da potência Sereníssima Grande Loja Maçônica do Estado do Acre (GLEAC), instituição pertencente à Maçonaria Regular.
Não consta na Constituição ou Regulamento Geral da Potência qualquer tipo de restrição para seus membros com relação à orientação sexual e/ou deficiência. A Maçonaria Regular é constituída de homens livres e de bons costumes, de todas raças, credos e nacionalidades. É ível aos homens de todas as raças, classes e crenças, quer religiosas, quer políticas. Tem entre seus ditames: praticar a beneficência e solidariedade, defender os direitos e as garantias individuais, exigir de seus membros boa reputação moral, cívica e aperfeiçoamento dos costumes, exigir tolerância a toda forma de manifestação de consciência, religião ou de filosofia e lutar pelo princípio da equidade.
Lamenta-se profundamente a manifestação do cidadão que associou manifestações preconceituosas com a Ordem.